sábado, 2 de agosto de 2008

O KARMAN




Gótamo afirma que o homem é um ser livre e taxa de herético quem afirma o contrário. O homem é o artífice de si mesmo; é o salvador de si próprio. É interessante a doutrina do Karman. O Budismo é contra o materialismo. Há uma coisa que não desaparece: é a ação. Os efeitos das nossas boas ou más

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ações subsistem depois da morte, são a única realidade inerente a minha pessoa na eternidade. Não posso dizer, raciocina o budista, que o ôlho é meu, porque envelhece, posso perdê-lo, morre; o pensamento não me pertence, porque muda, posso perdê-lo, morre; nada posso chamar meu, porém a ação, sim, esta é minha. A ação, êste último resíduo da análise praticada no meu ser, no mundo todo que me cerca, me salva do materialismo, constitui o elo de conjunção entre o visual e o invisível, é o sustentáculo da Metafísica. Consigo aferrar-me a uma realidade, posso finalmente dizer que «eu sou enquanto opero, enquanto quero». Êste operar, êste querer é livre, porque é justamente meu, constitui o meu ser. A liberdade de querer constitui uma axioma budista. Sâkyyainuni disse: «Eu ensino que existe uma obra, uma ação, um querer».

O processo do universo é uma constante transformação dos mesmos elementos, dá origem a novas formas sempre na base da mesma substância. Daí o fato da morte não ser destruição, porém, somente, transformação, renovação, evolução. Cita-se êste pensamento: «Tudo o que nasce morre... tudo aquilo que morre nasce». Nascimento e morte são dois termos correlatos, um pressupõe o outro. Ora, a força que mantém um ato, o processo mundial, é o Karman, isto é, a ação cujas raízes profundas se encontram na arcaria natural, sêde de viver. A ação produz necessàriamente um produto que lhe corresponde, é em outros termos, diz Formichi, causa de um efeito bem determinado. A lei da casualidade domina não somente o mundo físico, mas também o mundo moral.

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